História do Judo
Em maio de 1882, Jigoro Kano inspirou-se nas formas tradicionais de combate para criar um método de educação física, intelectual e moral, que chamou de judo.
Inicialmente considerado como um sistema de defesa pessoal, o judo tem sido reconhecido pelo seu valor educacional e pelos seus benefícios no desenvolvimento do corpo e do caráter.
O Judo tornou-se um desporto universal em 1964 nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
A IJF (Federação Internacional de Judo) reúne, hoje, mais de 200 federações nacionais e 5 uniões continentais.
Ju-Jitsu: O Método Kano
No início do século XX, o mundo ocidental descobriu a beleza artística e o poder militar da civilização japonesa assim como a eficácia dos fortes soldados japoneses baseada no seu espírito guerreiro - bushido - e nas suas técnicas de luta, o ju-jitsu.
Em muitos países, o ju-jitsu é introduzido no currículo militar. A arte do “fraco contra o forte” não é reservada apenas aos homens, e as mulheres começam também a praticar a arte marcial desde cedo.
O Judo de Kano: Filosofia e Educação
De pequena estatura e intimidado pelos colegas, Jigoro Kano queria fortalecer o corpo e aprender a defender-se. Estudou Ju-jitsu mas logo percebeu que a luta se focava num corpo poderoso e não na dimensão espiritual e educacional das pessoas.
Kano removeu assim as técnicas perigosas de Ju-jitsu, melhorando também a arte de cair. Impôs que os dois lutadores se agarrassem e criou seu próprio método sintetizando as formas mais antigas de defesa. Em 1882, abriu um dojo que chamou de Kodokan - o Lugar onde se estuda o caminho.
Kodokan Judo
As técnicas de Judo foram divididas em três categorias: projeções ou nage-waza, imobilizações ou katame-waza e batimentos ou atemi-waza. Na competição, atemi-waza não é permitido.
O judo é ensinado através do randori, prática livre, kata, formas impostas, e mondo, - trocas baseadas nos valores, na filosofia ou em qualquer outro assunto relacionado ao judo -, entre os alunos e seu professor. O emblema do Kodokan é um espelho octogonal, o símbolo da verdade, o círculo vermelho central expressa um espírito correto e sincero.
Em 1922, Kano criou a Sociedade Cultural do Kodokan. Escreve as duas máximas que definem a filosofia de seu método: Seiryoku Zenyo - O melhor uso da energia - e Jita Kyoei - Bem-estar e benefício mútuo. Em 1909, Kano foi nomeado para o Comité Olímpico Internacional tornando-se o primeiro membro asiático do COI e dedicou sua vida ao desenvolvimento da educação por meio do judo e do desporto no Japão e no mundo.
Judo no mundo
Graças aos esforços de Kano e dos seus discípulos, o Kodokan Judo desenvolveu-se nas comunidades de emigrantes japoneses dod EUA, Brasil, Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha e países de influência britânica.Na França, a partir de 1940, surge uma variante ocidentalizada do método Kano desenvolvida pelo professor Kawaishi.
O Método Kawaishi
A cor dos cintos representa o nível técnico do judoca. Os iniciados usam sucessivamente uma faixa branca, amarela, laranja, verde, azul e castanha antes de passar por um exame especial (técnico e de competição) para obter a graduação de faixa preta, ou dan (1º ao 10º dan).
Judo feminino
Em 1923, Jigoro Kano abriu uma seção feminina do Kodokan. Concentrou-se no estudo técnico e no kata, mas não permitiu a prática em competição considerada perigosa para a saúde das futuras mães. Keiko Fukuda, neta de Hachinosuke Fukuda, que ensinou Ju-jitsu a Kano, dedicou depois a sua vida a divulgar o judo feminino pelo mundo.
Judo como desporto
Os eventos desportivos oficiais começaram a ocorrer no início do século XX. O Método Kano foi escolhido como desporto de demonstração para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 1940, que nunca aconteceram por causa da Segunda Guerra Mundial, e foi então no Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964 que finalmente o judo entrou oficialmente no programa olímpico.
Judo em Portugal
O desenvolvimento do Judo em Portugal tem algumas semelhanças com o início do Judo no Japão, uma vez que esse desenvolvimento passou pelo “Ju-Jitsu”. Os primeiros contactos com a modalidade, ainda sob a forma de “Ju-Jitsu”, datam do primeiro quartel do século XX.
A divulgação de Judo em Portugal intensifica-se nos anos 50.
De importância capital para o desenvolvimento da modalidade foi Kiyoshi Kobayashi, o Mestre japonês que chegou a Portugal em 1958 e que é considerado, justamente, o “pai” do judo no nosso país. Como consequência da difusão e interesse crescente pela modalidade, aparece a necessidade de se criar um organismo oficialmente reconhecido, que tivesse a missão de organizar, orientar e fomentar as atividades de divulgação do Judo, bem como organizar as competições oficiais.
Assim, em 28 de outubro de 1959, nasce a Federação Portuguesa de Judo, sendo as funções federativas entregues, na fase inicial, ao Judo Clube de Portugal, que é o sócio fundador da FPJ.
O Judo na ACM inicia-se em 1962 com um grupo de estudantes da Academia de Coimbra que contava entre eles com nomes como o do Mestre Arlindo de Carvalho (2º Dan), Tavares Lopes, Meliço-Silvestre, Marques de Andrade, Mamede Albuquerque, Augusto Coutinho, Sousa Dias, Mário Lousada, Fernando Scaramento (Sacra), Manuel Carvalho Santos, Paisana Granja, Perdigão e Fausto Martins de Carvalho hoje com o 9º Dan.
Após um interregno de duas décadas, em 1988 retomou a toda a sua actividade com força e vigor para não mais parar até aos dias de hoje.
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